Flavio Musa Guimarães havia assumido a presidência da Vasp (Viação Aérea São Paulo) no governo Paulo Egidio. Numa conversa com meu irmão Haya, durante um evento, sugeriu que apresentássemos um piloto de programa de rádio dirigido ao publico classe A, que gostaria de patrocinar. Flávio nos deu carta branca para criar e veicular o programa, na emissora que achássemos conveniente.
É claro que tudo deveria passar pelo crivo da agência de propaganda da Vasp, que era a Almap, de Alex Perissinoto.
Estávamos à época, dedicados a nossa assessoria de imprensa e a produção de alguns eventos musicais. O rádio nos fazia falta.
Debruçamo-nos sobre este projeto e gravamos o piloto, no estúdio Publisol, do amigo Salomão Esper, com a locução de Chico Palmeiro, indicado pelo próprio Salomão. Imaginávamos uma voz estilo” Eldorado” e a de Chico, casava-se bem com o que queríamos. No decorrer dos anos, passaram ainda pelo programa, Mario Lima, Carlos Alberto do Amaral, Roberto Arruda e no último ano, acumulei as funções de produtor e apresentador.
A produção musical, era dividida como sempre: Haya selecionando o material de música brasileira, eu o de música americana. Como de hábito, gostávamos de incluir material exclusivo, razão pela qual, usávamos nossa própria discoteca e material que encomendávamos, inclusive para o próprio presidente da Vasp, durante suas viagens.
O programa trazia roteiro turístico das cidades aonde a Vasp chegava, e dicas com os principais colunistas de literatura, variedades, artes plásticas, cinema, teatro, literatura e sociedade. Era um programa dirigido a classe A, fomos então buscar, nomes como Sábato Magaldi , Casemiro Mendonça, Olney Kruse, Leo Gilson Ribeiro, Rubens Ewald Filho, Luciano Ramos , Jacob Klintowitz , Moacir Amâncio, e outros que enriqueceram e deram um toque de classe ao "Vôo Especial Vasp".
Ao finalizarmos o piloto do programa, orientados por Flávio Musa, fomos apresentá-lo a Almap e seu departamento de rádio, para uma avaliação. Flávio havia gostado bastante.
Com a fita do piloto nos reunimos com o departamento competente. Lembro-me de nomes como Otto Vidal, Arapuã entre outros, que analisando o programa, acharam-no semelhante ao "Varig é dona da noite", programa que, durante alguns anos, foi sucesso nas noites da rádio Bandeirantes e criação de nosso amigo Henrique Lobo.
Discordamos totalmente daquela apreciação. Saímos do departamento de rádio da Almap com a impressão de que, aquele pessoal conhecia muito de comerciais para rádio, mas pouco de programas de rádio.
Dalí, fomos diretamente à residência de Henrique Lobo com a fita cassete e o gravador, pedimos que ouvisse, e desse sua impressão gravada no outro lado da fita. Henrique ouviu atentamente. Em seu depoimento, afirmou que não tinha nada a ver com "Varig é dona da Noite", e elogiou a criatividade do programa.
De volta com o depoimento de Henrique Lobo, Flavio Musa, comunicou-se com a agência, autorizando a entrada do programa no ar.
Nesse meio tempo, havíamos negociado com Samir Razuk, superintendente comercial da Rádio Bandeirantes, e com Helio Ribeiro, diretor artístico, dia e horário adequados a este tipo de programação: domingos das 22 as 23:45 hs. Durante 4 anos, o programa foi ao ar. Recebeu várias menções na câmara municipal e assembléia legislativa pelo nível de informação, que fornecia a seus ouvintes, mas uma das coisas que mais prazer me deu foi, por várias vezes, ouvir de motoristas de taxi, que me levaram ao edifício Radiantes, que eram ouvintes de meu programa, um programa feito para a classe A.
Saudosamente, deixo com vocês a nossa abertura:
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Na foto acima Roberto Arruda entre Haya e Lafayette durante gravação do Vôo Especial Vasp