quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

1966/Henrique Lobo


Este foi um ano de muito trabalho e realizações. Estava na Radio e TV Record.

Na rádio tinha um programa noturno  “ Última Audição”, e participava de uma mesa redonda semanal, sob o comando de Henrique Lobo, que analisava os lançamentos fonográficos, com a participação de José Carlos Romeu, Marco Antonio Galvão , Mario Albaneze (o criador do “Jequibau”junto com o maestro Ciro Pereira) e Haya Hohagen, meu parceiro.

Na TV, fazia parte da equipe de produção do “Blota Jr Show “, junto com Blota Neto, José Guimarães, Haya e Lemos Brito, programa este, que ia ao ar às sextas.

Aos sábados a tarde, produzia e dirigia o programa “ Dois  na Gangorra”, que era apresentado por Henrique Lobo. O horário havia sido determinado por Paulo Machado de Carvalho Filho, o Paulinho, que nos deu carta branca. Haya e eu desenvolvemos o programa especialmente para Henrique Lobo. Ele sempre quis apresentar um programa de televisão, nunca escondeu isso. Fiquei feliz em poder ajudá-lo, a concretizar esse desejo.

Henrique foi uma das pessoas que mais admirei, ao longo de minha vida profissional. Além da competência, era um ser humano incrível. Dificilmente era visto nervoso, irritado ou dando bronca em algum funcionário.

A tentativa de trabalharmos juntos começou quando ele dirigia a rádio Excelsior, e se concretizou quando foi contratado pela Radio Record. Não demorou muito para entrar em contato conosco, e fazer o convite. Lá instalado, convenceu Paulinho que os gêmeos tinham competência e criatividade, e poderiam ser úteis a emissora, líder em audiência naquele momento.

Colocar o “Dois na Gangorra” no ar era difícil, pois o programa entrava  as 13 horas e o do Blota , nunca acabava antes da 1 da madrugada. A última atração do “Blota Jr Show” era sempre um musical produzido por Manoel Carlos, e não tinha hora para acabar.

Claro que deixávamos o programa praticamente pronto no dia anterior. Pique na época era o que não nos faltava.

Tínhamos alguns colaboradores, que curtiam nosso trabalho, e estavam sempre nos dando uma força,  até mesmo nos tirando de apuros. Não posso deixar de mencionar nosso diretor de tv  Humberto Wisnik, no estúdio Rubens Moral e Mirabeli, figuras antológicas na história da TV Record.

O esquema do programa era entrevistar duas pessoas, que tivessem profissões diferentes, mas com alguma relação. Assim, entrevistamos um maestro (Diogo Pacheco) e um camelô; um praticante de luta livre e um dentista; um maitre e um garçom; o diretor de trânsito da cidade de São Paulo  e o presidente da Associação Paulista de Automodelismo.Henrique Lobo, sempre muito informal nas entrevistas, surpreendia, e  dava um tempero diferente a cada programa.

No dia que entrevistou o Miroslav, competidor de luta livre e uma dentista, abriu o programa lambendo um tubo de pasta de dentes e perguntando “quem nunca fez isso?”. Em outro programa, enquanto entrevistava um maitre e um garçon, fazia um strogonoff.

Mas, um dos programas mais marcantes, foi a entrevista de um motorneiro de bonde, na época na ativa, de apelido Bailarino, junto com o poeta e publicitário Decio Pignatari. Abriu o programa com o texto do célebre cartaz,  que estava presente em todos os bondes da capital: “Veja ilustre passageiro o belo tipo faceiro, o senhor tem a seu lado, e no entanto acredite, quase morreu de bronquite salvou-o Rhum Creosotado”.

 

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