Esse foi o nome que os estudantes secundaristas do Colégio Rio Branco, deram a um show, que nos encomendaram nesse ano. As faculdades promoviam grandes shows, em função das verbas, que seus centros acadêmicos possuíam, e também porque seus alunos estavam fortemente engajados não só no movimento da bossa nova, mas também naqueles que repudiavam a ditadura militar. Daí a vontade de manifestação, e nada melhor, que unir música ao protesto, o que era feito por todos os cantos deste planeta.
Os secundaristas não estavam alheios ao que se passava. Fomos procurados por um grupo, quando estávamos no Teatro de Arena. Lembro-me que um deles, tinha o sobrenome Leal, o outro Cunha Bueno, e um terceiro, Freitas. Achei a principio um pouco audacioso o projeto, pois queriam um show com artistas de nome e se comprometiam a entregar todos os cachês no camarim, antes do espetáculo começar.
Sugeri Cesar Camargo Mariano, que acabara de desfazer seu Sambalanço Trio, pois o bateirista Ayrto Moreira fora acompanhar Flora Purim. Assim, Toninho Pinheiro o substituiu e Cleiber assumiu o contrabaixo. O show contou ainda com o Bossa Jazz Trio (cujo líder era Amilson Godoy), Carlos Castilho, Ana Lucia, Tuca e Taiguara.
Os organizadores fizeram questão de incluir dois estudantes no elenco. Fizemos uma previa audição e como não comprometeriam o show , deixamos que cada um apresentasse um número, para delírio da platéia formada na maioria por seus colegas.
O que os estudantes do Rio Branco não imaginavam
, é que eu estava fazendo contato com um conjunto vocal que era, como ainda é, o meu preferido e que seria a atração maior daquele “Bossa de Bolso” - o quarteto vocal ”Os Cariocas”.
Conversei durante dias com Severino Filho, para que pudesse conseguir uma data disponível para nosso show. Quando recebi a confirmação e dei a notícia à rapaziada, ficaram muito empolgados, pois tratava-se realmente de uma grande atração.
Sempre me identifiquei musicalmente com o som de conjuntos vocais. Ouvia muito “The Ink Spots “, “ The Mills Brothers” e outros, mas tinha um em particular que gostava muito - o “The Hi-Lo’s, em quem “Os Cariocas “se inspiraram.
A primeira voz sempre cantada em falsete e que era a especialidade do Severino, líder, arranjador e idealizador do quarteto, era sua marca registrada.
Naquela noite quando o quarteto entrou cantando “Samba do Avião” a platéia delirou, e confesso, foi um dos momentos mais emocionantes, que vivi durante a época em que trabalhei como produtor de shows de bossa nova. Naquele momento, deixei o lado profissional e assumi o de fã. Vibrei junto com a platéia.
Um comentário:
Fala Lafa,
Junto aos seus contos tenho lido o livro do Nelson Motta sobre o Tim Maia e realmente é um paralelo bem interessante. Esse período é justamente a época em que Tim estava tentando se firmar como cantor de soul num momento em que a bossa nova estava de vento em popa e ninguém queria saber de mais nada. Vamos nos falando e continue postando os seus relatos.
Abraço do Kibe!
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