domingo, 16 de agosto de 2009

1965/Ary Toledo

Ary Toledo era um personagem que transitava com frequência pelo Teatro de Arena. Ali começou sua carreira como ator, aliás como varredor, depois de alguns dias insistindo com Boal para que lhe desse uma chance, largou a vassoura. Fez uma ponta em “”Revolução na América do Sul”, mas o objetivo era mesmo mostrar suas composições, na maioria sátiras políticas recheadas de palavrões. Para ele, a partir de duas pessoas, já tinha público suficiente, para empunhar seu inseparável violão (era sofrível no instrumento) e mostrar algumas de suas obras. Não era cantor, mas sabia “dizer”como ninguém, as letras de suas composições. Ríamos bastante com suas interpretações, sempre cheias de muitas caretas.

A certa altura, Ary já tinha um repertório pronto para um show solo, quando numa conversa informal, resolvemos fazer uma apresentação sua numa segunda-feira no Arena, data semanal que dedicávamos às “Noites de Bossa”. Claro que foi um sucesso!

A partir daí, rodou por muitos inferninhos, circos e teatros no interior com suas apresentações

Quando em 1966, um anos depois da estréia na TV Record do programa “O Fino da Bossa”, Ary levantou a platéia e teve que voltar 5 vezes para o “bis”, não havia mais dúvidas sobre o seu talento e o rumo que tomaria a sua carreira. Seu primeiro grande sucesso “Pau de Arara”, uma caricatura do nordestino que vem para a cidade grande, tocava mais que os Beatles nas emissoras de rádio. Depois vieram “Canção do Subdesenvolvido”, " Descobrimento do Brasil” e várias sátiras políticas, que lhe renderam várias prisões e cortes de censores nos programas de tv que participava.

Com toda a esta verve cômica, Ary foi enriquecendo suas apresentações com piadas, que o tornaram o maior contador de piadas de todos os tempos. Dizem que seu acervo coleciona mais de 30 mil.

Em 1982 tive o prazer de te-lo em meu projetoJornalfone”, aonde gravava suas incríveis piadas para o “Disque Piada”. Chegava em seu “Fusca” prateado (na época ele cabia em um), e até chegar ao estúdio, que ficava nos fundos de uma casa na Rua Barão do Triunfo no Brooklin, eram dezenas de piadas novas que ia contando. Entrava no estúdio e ficava várias horas gravando, sempre de bom humor e orgulhoso pelo trabalho pioneiro, que era contar piadas ao telefone.

Ary hoje roda o pais inteiro com seu show. Provavelmente tenha sido o precursor no Brasil do“StandUp”, o espetáculo de comédia feito por apenas um humorista, tão em voga nos dias de hoje.

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