segunda-feira, 29 de junho de 2009

1969/Carta de Tenório Jr.

Certo dia cruzei nos corredores da Tupi com um personagem gorducho bastante

simpático, carioca, misto de ator e cantor, bem falante, cheio de idéias. Queria que eu

produzisse um show para ele e gostaria de ser acompanhado de músicos de nível. Era exigente o gordinho Ângelo Antonio. Chegou a fazer pontas em novelas e participou de alguns programas de TV, como o “Almoço com as Estrelas” entre outros.

Sugeriu uma choperia na Av Santo Amaro de nome Urso Branco, cujo dono era seu amigo. As choperias estavam na moda. Feito o contato e aprovada a idéia, partimos para a montagem do show e escolha do elenco. Tínhamos alguns nomes como Raulzinho do Trombone, Edson Machado, o pianista Tenório Jr.e outros. Todos os músicos radicados no Rio de Janeiro, cidade do Ângelo Antonio.

Esse era um complicador, pois teríamos que hospedá-los durante a temporada e até antes, durante os ensaios. Optamos por trazer primeiro Tenório, que seria o diretor musical do show e ofereci-me para hospedá-lo em minha casa.

Eu estava casado há dois anos e com um filho, Alexandre de 1 ano. Tenório também era recém casado com Carmem e tinha uma filha, Elisa, recém nascida.

Recebemos Tenório e família com aquela disposição própria da idade. Curtimos muito aquele momento. Pena não termos um piano em casa. Teria curtido muito mais a presença daquele extraordinário pianista.

Ensaiávamos no Urso Branco, aquele show que nunca aconteceu.

Um dia, fomos surpreendidos com a notícia de que não haveria mais show. O dono do Urso Branco havia vendido o imóvel e nos deixado na mão. Ângelo não se conformava.

Tivemos que desfazer todos os projetos, e nunca mais nos encontramos. Anos mais tarde, fiquei sabendo da morte de Ângelo Antonio e depois do “sumiço”de Tenório .

Recebi uma carta de Tenório datada de 14 de janeiro de 1969 que guardo até hoje e que transcrevo a seguir:

Rio de Janeiro, 14 de janeiro de 1969.

Olá Lafayette. Desejamos que você e todos aí estejam em paz e com saúde.

Por aqui, tudo em ordem. Elisa engatinhando sem parar pela casa toda e chamando papai e mamãe, além de derrubar tudo que estiver a seu alcance.

Estou trabalhando com a Fernanda Montenegro em “Marta Sare”,peça musical de Gianfrancesco Guarnieri e do Edu Lobo, aqui no Teatro João Caetano.

A direção musical é de Carlos Castilho e eu estou atacando de órgão.

A companhia deve se apresentar aqui até o carnaval e depois vai para SP., onde ficará em cartaz alguns meses; aproveitaremos isto para providenciar nosso retorno a SP, pois temos sentido saudades daí. O Rio é muito bonito, mas não está acontecendo nada por aqui, a não ser 40 graus de temperatura diariamente, em compensação, o povo está cada vez mais mal educado, além disso, a vida está cara e quase não há trabalho para músicos ,em suma,a Cidade Maravilhosa está mesmo uma gracinha...

Por isso, estou até entusiasmado com a volta a SP. Principalmente porque terei mais calma para procurar trabalho em outros setores, devido a este fixo do teatro (vai ser no São Pedro). Quero ver se consigo me entrosar nas gravações aí; andei fazendo algumas gravações com a chamada “turma da pilantragem”, tão em voga (por ai também?) e até me encomendaram alguns arranjos, embora seja destituído de qualquer valor artístico, está tendo êxito comercial, o que é bastante para que os produtores inundem a praça com isso... Aqui não se faz outra coisa...

Bem, vou ficar por aqui, espero receber notícias de vocês, de qualquer modo, vamos nos encontrar em breve. Até lá, desejamos tudo de bom para você, Olga e Alexandre.Carmen manda lembranças para todos.

Até já e um grande abraço do Tenório.

O nosso endereço aqui é o do meu sogro: Av. Mal. Floriano 38 apto. 1010-centro R.J.GB.

Em 27 de maio de 1976, Tenório Jr desapareceu na Argentina, quando fazia uma temporada com Toquinho e Vinicius de Morais.

terça-feira, 23 de junho de 2009

1968/Volantes da Fraternidade


O radio é realmente fantástico! Além de ser um excelente companheiro, informa, diverte, distrai e presta serviço. É dinâmico e rápido. Já há algum tempo, um repórter tem condições de entrar no ar através do celular, em questão de minutos e de qualquer lugar do mundo.

A televisão ainda precisa de mais recursos técnicos para ter essa agilidade.

O rádio é solidário. Um ouvinte pode prestar informações importantes, que ajudem outros ouvintes. O rádio nos torna solidários.

Quando implantamos o Serviço Social Tupi na Rádio Tupi, dirigida por Helio Ribeiro, pudemos fazer esta constatação.

Na época, existia uma febre de escuderias formadas por jovens, cujo objetivo era o divertimento. Participavam de gincanas, numa disputa por prêmios, que eram oferecidos por emissoras de TV. A Record e a Bandeirantes disputavam para ver quem conseguia fazer melhor.

Na Radio Tupi, direcionamos a força da rapaziada para um trabalho social, e eles foram sensacionais. Transformaram-se nos “Volantes da Fraternidade”.

Aderiram ao chamado da Rádio Tupi e se colocaram a disposição do projeto praticamente 24 horas por dia. Eram muitas as solicitações que nos chegavam com pedidos de medicamentos, alguns difíceis de encontrar e outros com preços inacessíveis para quem precisava. Nunca deixamos de atender a uma solicitação.

Tudo era feito pelo rádio durante a programação e com livre acesso, interrompendo programas com o objetivo de ajudar.

Fizemos também várias campanhas arrecadando leite em pó para creches e orfanatos, sacos plásticos para o Hospital do Fogo Selvagem, doações para o Hospital de Interlagos e várias campanhas inclusive de arrecadação de agasalhos.

Era impressionante a garra dos líderes e dos membros das escuderias. Tenho que ressaltar também a eficiência dos funcionários da Radio Tupi envolvidos nesse projeto.

Algumas das escuderias realmente se destacaram, como a Taturana da Vila Maria, Esmeril da Casa Verde, LSD de Pinheiros, JASA do Jardim da Saúde, mas uma, realmente se superou e se manteve viva até hoje, a Pepe Legal da Mooca.

Foi o rádio com sua rapidez e solidariedade e as escuderias com seus jovens entusiastas, que marcaram esse momento de tão de comprovada cidadania na historia de nossa cidade.

Talvez essas ações, pudessem substituir os agressivos e desnecessários trotes dos calouros. O rito de passagem para a idade adulta, do colégio para a universidade, criaria nestes jovens um vínculo com sua cidade e seus problemas sociais, de uma forma alegre e descontraída, como deve ser tudo o que nos liga a juventude.

E foi este espírito de solidariedade que fez com que milhões de adesivos colados nos carros que circulavam pela cidade exibissem orgulhosamente slogan do projeto: “Somos do Amor do Motor e da Flor".

Na foto acima flagrante de distribuição de presentes de natal, feita pelos "Volantes da Fraternidade".

segunda-feira, 15 de junho de 2009

1984/Diretas Já


Mesmo com o fracasso comercial de nosso projeto “Midiafone”, não desistimos da idéia do Jornalfone. Desligamos-nos da Novociclo e decidimos Haya e eu, fazer uma carreira solo. Tínhamos o respaldo e o reconhecimento da Telesp, que nos cedeu dois canais para que desenvolvêssemos nossas idéias.

Criamos o “Correio Sentimental”, que servia para solitários iniciarem uma nova amizade e quem sabe até um relacionamento mais sério. Ali eles anunciavam e suas mensagens eram transmitidas pelo Disque 200. Dividíamos esse canal com o Clube Juventus, e criamos o “ Disque São Paulo “.

O “ Disque Juventus “ funcionava só para divulgar os números de sorteio dos carnês de associados, e o “ Disque São Paulo “ era um verdadeiro boletim com todas as atividades do clube e do time de futebol. Era um trabalho com o respaldo do setor de marketing. Conseguíamos um bom número de chamadas, pois os clubes em suas malas diretas divulgavam os telefones do serviço.

A política fervilhava no Brasil. O país inteiro estava com sua atenção voltada para o Congresso Nacional, aonde seria votada a emenda Dante de Oliveira, que se esperava, traria de volta a eleição direta. As emissoras de rádio e T V estavam proibidas de fazer a cobertura.

Foi aí que meu irmão Haya teve a idéia de furar a censura. Fomos a redação da Folha de São Paulo e propusemos fazer pelo disque 200, boletins de tudo o que se passaria no Congresso durante a votação, com informações fornecidas pela Agencia Folha de Notícias. Abaixo transcrevo nota emitida pela “Folha da Tarde” edição de 27/4/1984.

“Telefone para as diretas: 70 mil

A votação da emenda Dante de Oliveira foi acompanhada, individualmente, por 70 mil pessoas em São Paulo. Impedidas de terem acesso às informações pelas emissoras de rádio e televisão, submetidas à censura imposta pelas medidas de emergência decretadas pelo Palácio do Governo, recorreram ao telefone 200-1727, o “Telefone das Diretas”,um serviço sem censura,que contou com a colaboração da Telesp e da “Folha”.

No período das 10 horas do dia 25 às 2 horas da madrugada de ontem, o serviço telefônico informou, através de boletins gravados e atualizados de hora em hora, os principais fatos que estava ocorrendo no Congresso Nacional. Na madrugada de hoje o “Telefone das Diretas” transmitia a rejeição da emenda, apenas alguns minutos após o encerramento da votação.

Esse serviço foi feito pelos irmãos Lafayette e Haya Hohagen, radialistas, que colheram as informações na redação da Agência Folha de Notícias, transmitidas de hora em hora, por telefone, pela sucursal em Brasília, redigiam e gravavam as mensagens, de um minuto cada, transmitido-as depois para a central da Telesp. Uma idéia que começou a se transformar em realidade nos feriados da Semana Santa quando Haya tomou conhecimento, pelos jornais, da extensão das medidas de emergência, que atingiriam as emissoras de rádio e televisão, proibidas de transmitirem de Brasília a sessão de votação da emenda Dante de Oliveira”

Esse nosso ”atrevimento” está também registrado no livro” O Golpe do Silêncio”,do jornalista Moacir Pereira da Global Editora.

Evidentemente esta nossa rebeldia nos trouxe uma represália, que gerou prejuízo financeiro, mas a herança deixada pelo “velho”Guillermo Hohagen, que durante a sua existência lutou sempre pela liberdade e contra as manifestações de repressão, tão comuns na América Latina daqueles anos, falou mais alto. Pena que ele não tenha testemunhado, sentado na sua poltrona, com aquele risinho maroto.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

1982/Jornalfone

Foi uma época de buscas por coisas novas. Estava meio saturado do trabalho com assessoria de imprensa e o momento em rádio não era dos melhores. Para se fazer um programa ou se tinha um nome popular fácil de comercializar ou um bom patrocinador.

Nós havíamos terminado uma temporada de 4 anos com o “Vôo Especial Vasp” na Rádio Bandeirantes e, com a mudança do governo estadual, perdemos o patrocínio da empresa aérea.

O nosso escritório da Rua Pamplona era freqüentado por um número grande de amigos, e sempre alguém com uma idéia, aparentemente, sensacional. Nenhuma vingou, mas estava sempre na expectativa de que minha criatividade despertasse para algo, que pudesse se transformar em projeto viável.

Chegava em casa perto do horário do “Jornal Nacional” ávido pelas notícias, mas raras eram as vezes que conseguia assisti-lo. Primeiro o trânsito, que retardava a minha volta, depois a recepção dos filhos, que me tomava um bom tempo. O “boa noite” do Cid Moreira, era o que mais assistia. Ficava bem isolado do noticiário. Justo num momento, em que queria saber de tudo o que se passava, na esperança de, de repente, uma luz indicar o caminho que procurava.

E não é que foi essa dificuldade, que fez surgir a idéia para desenvolver aquele que, para mim, foi meu melhor projeto profissional?

Pensei comigo... Quantos, por motivos vários, perdem o principal noticiário da televisão brasileira? Na época não tínhamos internet e nem celular.

Liguei para o Haya, meu irmão e perguntei:”E se desenvolvêssemos um serviço através do telefone com notícias renovadas de hora em hora? “ “Grande idéia!” Respondeu do outro lado da linha. Ali começamos o projeto, que foi bem longo e trabalhoso.

Tínhamos muitas etapas a seguir para chegar ao produto final.

Conseguir um parceiro, verificar a viabilidade técnica com a Telesp, na época, a empresa de telefonia de São Paulo, projetar uma estrutura igual a de uma emissora de rádio com seus três setores principais, técnico, artístico e comercial e selecionar profissionais competentes e de nossa confiança para montar a nossa equipe.

Lembro-me que foram várias noites sem dormir, muita ansiedade e muitas conversas.

Fizemos um piloto com um noticiário enxuto de 2 minutos e por telefone mostrávamos para aqueles que queríamos seduzir. Todos gostavam.

Depois chegou a vez de ir a campo atrás do parceiro investidor.

No primeiro contato que fizemos, tivemos uma resposta muito positiva e interessada.

Falei com o amigo Kiko (José Francisco Coelho Leal), que era diretor de marketing da Caloi e que tinha iniciado um processo de diversificação em sua “house”, a Novociclo.

De uma associação com Luciano do Valle, estava trazendo para o Brasil eventos de vôlei, que se transformou no segundo esporte mais praticado e assistido no Brasil.

Kiko gostou muito da idéia do Jornalfone, e pediu que puséssemos o projeto no papel, com as perspectivas de investimento, pois levaria ao conhecimento de sua diretoria.

Muitas reuniões depois, entre Novociclo, Telesp, e Caloi nasceu a Midiafone, que era uma associação da Novociclo com a empresa de Lafayette Hohagen e Haya Hohagen.

Para a Telesp nascia o projeto “Disque 200”, lançado no dia 1 de abril de 1982 com bastante publicidade.

Nossos primeiros canais foram Jornalfone (200-1147), Jornalfone-Esportes (200-1982) e Jornalfone-Historinha-Infantil (200-1234). Em maio lançamos o Jornalfone-Horóscopo e em junho o Jornalfone-Piadas com Ari Toledo.

O noticiário do Jornalfone era confeccionado a partir de agências noticiosas (Estado e France Presse) e rádio-escuta. Eram boletins de 2 minutos de duração renovados a cada 3 horas durante 24 horas.

Nos finais de semana entre 7 horas da manhã de sábado até as 19 horas de domingo, Celene Araujo apresentava uma agenda de lazer e cultura e após esse horário, entrava o resultado da Loteria Esportiva.

O Jornalfone-Esportes contava, além dessa estrutura, com a colaboração de profissionais da área, que faziam a cobertura da Copa do Mundo, e um deles, Luciano do Valle, transmitia boletins diários as 15 e 19 horas. Aos domingos, esse mesmo canal, transmitia Álbum de Figurinhas, que era um boletim dedicado aos saudosistas.

A equipe que fez o sucesso do Jornalfone era composta por redatores, locutores e operadores de som. Eram eles Edson Fernandes, Irineu Silva, Álvares Bittencourt, Tony José, Rubens Pecce, Marco Antonio, Carlos Alberto Perito,Gildo Donizeti Salomão, Celene Araujo, Lidia Sabeli, Jorge Baceto, Formigão e Sidney Lopes.

No segundo dia de Jornalfone, a Argentina invadiu as ilhas Malvinas, o que rendeu ao serviço até meados de junho mais de 3 milhões de chamadas por mes. Reforçamos a equipe com correspondentes em Buenos Aires e a rádio-escuta passou a ser feita através das ondas curtas, trazendo notícias das emissoras argentinas.

Infelizmente o setor comercial que ficara por conta da Novociclo, não obteve sucesso em seu trabalho, o que tornou inviável a continuidade do projeto naqueles moldes.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

1964/Músicos da Noite

Algumas casas noturnas de São Paulo fizeram história. Muitas abrigaram alguns de nossos maiores músicos e cantores, outras deram oportunidade para aqueles em começo de carreira.

Podemos mencionar Cave, Stardust, Djalma, Juão Sebastião Bar, Ela Cravo e Canela, L’Amiral, Barba Azul, O Jogral, A Baiúca, Oasis, o bar do Hotel Cambridge, o Captain’s Bar, do Hotel Comodoro , os barzinhos da Galeria Metrópole e até aquelas casas de freqüência duvidosa, mas que davam espaço para os músicos da noite não só mostrar o seu valor, como também ajudar no seu sustento.

Era comum cruzar com músicos correndo pelas ruas na madrugada, pois a maioria tocava em duas ou mais casas na mesma noite. Durante o intervalo de uma, tocava na outra. Muitas vezes ainda, durante esses intervalos, ensaiavam na formação de novos conjuntos. Músicos do Zimbo, do Jongo, do Sambalanço e outros, foram exemplo desta prática.

Essa era a vida do músico da noite, que também se dividia entre estúdios de gravação e orquestras de bailes.

Na época os grandes clubes como Pinheiros, Homs, Paulistano, Tênis Clube, Casa de Portugal, salão do Aeroporto, eram os lugares ideais para os bailes de formatura e de debutantes, e as orquestras eram realmente as grandes atrações. As agendas de Silvio Mazzuca, Osmar Milani, Simonetti, e Luiz Arruda Paes eram disputadíssimas. Haviam músicos que eram verdadeiros astros, como o saxofonista Bolão e o baterista Turquinho, que faziam solo em todos os bailes, arrancando aplausos e gritinhos, o trumpetista Papudinho, o guitarrista Edgard Gianullo e muitos outros também eram deste time. A maioria desses músicos era da noite.

A boate Djalma’s, que tinha sido comprada pela dupla Luiz Vassalo e Paulo Kaloubek, dividia com a Baiúca e o Stardust, a melhor música da Praça Roosevelt, o elenco era simplesmente fantástico.

Fomos convidados a dirigir alguns shows, e a única exigência que nos foi feita, é que o elenco musical teria que ser aquele. Podíamos agregar o que achássemos conveniente para um bom espetáculo, mas “não mexam nos músicos da casa”, nos recomendou um dos donos, de maneira bem incisiva.

Eram empresários da noite, não entendiam nada de música e sim de negócios. Tinham outras casas, inclusive um bar, que ficava em cima de um posto de gasolina, ao lado do jóquei, (até hoje existe o posto), que era famoso na época pelas moças que ali freqüentavam. O uísque, diziam ser de procedência duvidosa, mas nunca vimos nenhum cliente reclamar.

Mas, voltando ao elenco musical do Djalma’s, quando soubemos quem eram os músicos com os quais teríamos que trabalhar, uau!!, simplesmente ficamos boquiabertos. Eram considerados ícones da noite paulistana.

Luiz Melo (piano) Xu Viana (contrabaixo) Turquinho (bateria), Papudinho(trumpete) Kuntz (sax e flauta) e Hector Costita (sax e clarinete).

Com certeza Luiz Vassalo e Paulo Kaloubek, não faziam idéia do nível de música que tinham. O primeiro pocket-show que produzimos, foi com o sexteto, algumas bailarinas e o sambista Germano Mathias. A idéia era também agradar os turistas, já que bons hotéis estavam nas imediações, e um trabalho de divulgação estava sendo feito.E deu resultado. A casa vivia cheia e o público curtia bastante o show.

Do outro lado da praça estava o Stardust, da dupla Hugo e Alan. Eles eram muito bons, tocavam sucessos internacionais e dividiam a música da casa com o sambista Jair Rodrigues e músicos como Heraldo do Monte e o excelente Aires um violonista muito admirado pelos colegas.

Jair costumava cruzar a praça, para ouvir aqueles músicos formidáveis e dar uma canja no final da noite. Numa destas vezes, nos apresentou um cantor jovem de nome Moacir, que estava desempregado, e cantava muito bem. Tinha muito balanço, era simpático e comunicativo. Pediu-nos que déssemos uma força ao rapaz. De fato, Moacir se deu muito bem com os músicos da casa, agradava o público e por isso acabamos sugerindo a sua contratação. Moacir foi rebatizado “Djalma Dias” pelo produtor Alfredo Borba, que justificou a troca pois, no momento, o nome de sucesso era Moacir Franco, líder de audiência na TV Excelsior. Com o mesmo nome, fatalmente, ficaria ofuscado.

Djalma Dias depois foi lançado em uma das Noites de Bossa, que produzimos no Teatro de Arena, e tempos mais tarde, fez vários trabalhos com Abelardo Figueiredo, inclusive no exterior.

No vídeo uma homenagem aos músicos da noite, representados por alguns daqueles que fizeram a história de nossa música popular.

Dick Farney – Sabá (contrabaixo) Toninho Pinheiro (bateria)