segunda-feira, 28 de setembro de 2009

1938/Rio de Janeiro

Contam que, por volta das 23 horas do dia 28 de setembro, a gaucha de 22 anos de nome Maria de Lourdes, casada com o jornalista peruano Guillermo, começou a sentir sinais de parto. Imediatamente foi acionada a parteira da família que, em poucos minutos, chegava ao casarão da Rua Rainha Elizabeth 105, no bairro de Copacabana. Muito calma, relataram as testemunhas na época, Maria de Lourdes tranquilizava as pessoas a sua volta. Fazia questão de dizer que não sentia dor alguma, apesar das contrações. Sua barriga era bem avantajada.

Na época, o sexo do bêbe era conhecido ou na hora do nascimento, ou através de adivinhações tipo duas tesouras embaixo da almofada de um sofá, uma aberta e a outra fechada e pedia-se a parturiente que escolhesse um lugar para sentar. Se o escolhido fosse o da tesoura fechada era menino, se fosse aberta menina.

Na casa, habitada por Maria e Guillermo, o primogênito Benjamim Sandino, reinava absoluto há 1 ano e 4 meses. Com o casal, morava também o Tio José, irmão de Cecilia mãe de Maria. José havia se desquitado de Izabel, uma francesa com quem havia se casado durante o tempo que morou na França. Guillermo por conta de suas atividades jornalisticas, era correspondente do jornal Diretrizes de Buenos Aires, viajava muito e Tio José fazia companhia para Maria. Cozinheira, copeira, chofer,e babás completavam a população da casa.

Às 23.30 horas, segundo o cartório de registro da Lagoa Rodrigo de Freitas, Maria deu a luz ao primeiro filho. Sim eram 2. Quando o Dr.Saladino, médico da familia chegou, o segundo bebê se esforçava para sair, o que aconteceu 15 minutos depois. Contam que foi uma verdadeira festa. Guillermo, que regressou de Buenos Aires dois dias depois, ficou bastante emocionado. Depois da poeira abaixada, e como acontece até hoje nas melhores famílias, começou a discussão para a escolha dos nomes que seriam dado aos dois.

Maria queria que um dos filhos fosse um batizado por seus tios e, com isso, colocar num dos gêmeos o nome dele. Guillermo com suas tendências políticas, queria homenagear algum de seus ídolos. Com o primogênito, haviam resolvido da seguinte maneira: Benjamim era o nome do querido avô de Maria e Sandino era um revolucionário nicaraguense por quem Guillermo tinha simpatia. Assunto resolvido Benjamim Sandino.

Tio Lafayette e Tia Regina eram tios queridos de Maria, que fez questão de dar-lhes o filho para batismo e ainda colocar o nome do tio em um dos filinhos, no que Guillermo complementou com o nome de um poeta e revolucionário cubano de nome José Martí. Resolvido o segundo problema. Um dos gêmeos foi batizado com o nome de Lafayette José Martí Hohagen. Restava o outro gêmeo, que Maria já desgastada com tanto nome para escolher, deu a Guillermo para que ele resolvesse. Resolveu. Victor Raul Haya, nome do chefe do partido Aprista peruano, e que veio ao Brasil no anos 50 para efetivar o batizado. Mais tarde, com Guillermo assumindo as funções de nomear os filhos, vieram Simon Bolivar(que não resistiu ao parto) e Maria Adilia em homenagem a avó paterna.

Esse foi o início de tudo. Agora, ao completar 71 anos, deixo esse relato e ilustro com algumas fotos essa minha trajetória, muito dela já contada nesse meu blog de memórias. Nas fotos do “slide show” abaixo, será notada a presença do Tio José, que foi sempre o grande companheiro que tivemos até o fim de sua vida.Era o nosso Pepe, como o chamava meu pai, e José, como nós o tratávamos. Supriu a ausência do querido “papito” que, por força de profissão, muitas vezes ficava meses em viagens e que, se vivo, com certeza teria um blog aonde narraria as muitas aventuras vividas durante a sua vida.

2 comentários:

Angela Andreotti disse...

ADOREI!!!!
Parabens ficou uma homenagem lindíssima à toda familia!
Bjos

isa hohagen disse...

Muito lindo! Amei as fotos também. Todo dia 28 de setembro a vó contava essa história, e eu não cansava de ouvir! Parabéns mais uma vez! Bjos!